HIC*: Espaço Impúdico | Guilherme Godinho

lunes, 24 de enero de 2011

Espaço Impúdico | Guilherme Godinho

Este artículo publicado en el diario OJE ha llegado a mis manos por casualidad. El texto propone un "reciclaje" de edificios obsoletos que me parece una estrategia muy adecuada en este momento de austeridad. Creo que el portugués se entiende razonablemente bien. JB

Aum momento de escassez de recursos urbanos de qualidade é absolutamente necessário fazer um exercício de concentração, de IMPLOSÃO URBANA. Até há bem pouco tempo vivemos um período de funcionalismo arquitectónico perecível, que levou a um desajuste da realidade com as necessidades urbanas, produzindo recorrentes casos de arqueologia moderna. A velocidade deste utilitarismo levou a uma obsolescência do parque edificado, quer seja através ruínas recentes de edifícios públicos, de indústrias obsoletas deslocalizadas ou ainda de edifícios de serviços totalmente abandonados. Todos estes factores contribuíram para duas situações complementares, inadequada ocupação de solo urbano e dispersão urbana: cidades cada vez mais extensas, mas com milhares de metros quadrados ocos. Hoje assumimos, sem qualquer tipo de tabu, que a sustentabilidade só pode existir na cidade densa, onde exista poupança de recursos, de infra-estruturas e de tempo. As cidades contemporâneas não admitem vazios urbanos residuais e por preencher; aproveitam o solo disponível para não consumir extensivamente o território; são cada vez menos difusas; mais concentradas, mais cidade. 
Dois excelentes exemplos, a escalas totalmente diferentes, que lutam por uma IMPLOSÃO URBANA são a cidade vazia de Detroit (E.U.A), que detém um sem número de edifícios abandonados e expectantes no seu centro, perdendo habitantes de dia para dia e a difusa cidade de Córdoba (Espanha) que optou por uma expansão urbana extensiva e agonizante, com tantas parcelas vazias que demonstrou ser económica, social e ambientalmente pouco sustentável. Em ambos os casos estão já em curso programas e projectos com uma direcção centrípeta que permitam densificar os centros urbanos e reduzir o tamanho das urbes.
Perante estas novas realidades, teremos que propor usos de solo que acrescentem e produzam valor – económico, social e ambiental –, que sejam duráveis e não efémeros, apoiados em edifícios extremamente dinâmicos e com uma capacidade de reconversão veloz; existe uma grande oportunidade de negócio ao aproveitar os recursos não explorados do capital construído existente.
Os ícones urbanos consagram-se de uma forma cada vez mais rápida, sendo reconhecidos como um valores arquitectónicos ou urbanos em vinte ou vinte e cinco anos. Apesar de tudo, existem variadíssimos edifícios sem estes valores, com deficiências e desgastes exagerados devido ao uso intensivo e a múltiplas intervenções parciais que os desvirtuaram nas
últimas décadas.
A reabilitação e a reconversão urbana, tão na moda actualmente, podem ser produzidas em vários nichos de negócio, o património construído moderno é sem dúvida uma oportunidade. Estes edifícios começam a sofrer intervenções profundas e programadas que os actualizam face às actuais exigências do mercado.
Esta tendência tem-nos vindo a ser confirmada nas experiências desenvolvidas – fundamentalmente em Barcelona – em edifícios corporativos dos anos sessenta e setenta.

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